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Qual esterilizante eh o componente ativo no processo de esterilizacao por vapor? O Vapor? Nao a agua!

fevereiro 25th, 2015 | Posted by Central de Materiais e Esterilização in Esterilização

PASSO A PASSO CME.

Republicação autorizada de matéria publicada na revista internacional Zentral Sterilization – Alemanha

Este título instigante é, para começar, uma hipótese que deve ser comprovada. A partir deste propósito, 3 esterilizantes serão avaliados.

1. Vapor

Já se sabe que o vapor superaquecido, enquanto está na fase gasosa a uma temperatura constante, possui propriedades de esterilização que são similares somente às propriedades do ar. Da mesma forma, o vapor saturado que flui por uma embalagem de tecido completamente seca, feita de fibras de celulose, como por exemplo, linho ou algodão, gera um calor indistinto por causa da condensação hidroscópica nas fibras de celulose quando estão absorvendo o vapor. No entanto, isto não umedece as fibras, por isso a temperatura, dentro dessas embalagens de tecido, é medida para que seja mais alta do que a temperatura do vapor saturado. Assim sendo, a condensação do vapor não pode entrar na parte interna das embalagens de tecido. De acordo com a norma EN 11138, qualquer indicador biológico padrão colocado dentro da embalagem não será morto se um processo de esterilização a vapor padrão a 121°C por 15 min, for utilizado. É claro que o vapor superaquecido pode esfriar, e condensar quando estiver ainda mais frio ao entrar em contato com superfícies geladas.

  1. Condensando Vapor Saturado

Na temperatura de vapor saturado, o vapor condensa em objetos que estiverem mais frios do que a temperatura do vapor saturado. Ao fazer isso, o vapor transfere seu calor de condensação de forma muito rápida e efetiva. Uma vez que os objetos em questão atingiram a temperatura do vapor saturado, não ocorre mais nenhuma condensação ou transferência de calor adicional. Durante a fase de aquecimento, a água condensa nos objetos a serem esterilizados, ao passo que durante a fase de esterilização não ocorre nenhum consumo de vapor, e, portanto, nenhuma condensação adicional. Muitos autores argumentam que é o vapor condensado que age como esterilizante sem nunca terem mostrado provas sobre isto. Se alguém observar como os indicadores biológicos são inativados em processos de esterilização a vapor, esta pessoa percebe que ao ilustrar um gráfico logarítmico dos microrganismos sobreviventes em relação a um gráfico linear do tempo, ela obterá uma linha reta. Isto significa que durante a fase de condensação, no começo da esterilização, não existe “curva”, pelo contrário, vemos nesse diagrama uma inativação linear, durante o qual não ocorre nenhuma condensação de vapor adicional. Sendo assim, comprova-se que a condensação do vapor não dá origem à inativação.

  1. Água

Os líquidos podem ser esterilizados em recipientes fechados sem fornecimento de vapor. Aqui pode-se observar que as cinéticas de morte microbianas evidenciadas em água destilada, a uma temperatura constante, são iguais às cinéticas de morte que se manifestariam, se o mesmo microrganismo fosse morto em um processo de esterilização a vapor sob condições semelhantes. A partir disto, pode-se concluir que somente a água pode agir como esterilizante.

Conclusões

A crença, a qual ainda tem sido propagada em cursos de treinamento de especialistas, de que artigos esterilizados úmidos não estão estéreis no final no processo de esterilização, não tem fundamento. Esta crença também vai contra o fato de que seguidos processos de esterilização que não incluem um ciclo de secagem no final, como em autoclaves instantâneas, faz com que, da mesma forma, os artigos úmidos não estejam esterilizados. Ainda hoje, processos de esterilização que não incluem secagem estão sendo utilizados, contanto que os artigos sejam colocados imediatamente para uso. Artigos úmidos no final do processo de esterilização estão, portanto, estéreis uma vez que o processo de esterilização tenha sido propriamente conduzido. Sendo assim, artigos úmidos podem ser liberados para uso imediato sem reservas. Porém, artigos úmidos não devem ser armazenados porque os micro-organismos podem penetrar através da embalagem molhada ou podem ser promovidas condições de crescimento dentro da embalagem molhada, dando origem a uma situação na qual um único micro-organismo sobrevivente poderia ser suficiente para começar uma múltipla reprodução e contaminar novamente o respectivo artigo durante o armazenamento.

Para esterilizar todas as superfícies de um artigo de forma segura, não é somente o efeito da temperatura que é importante, mas também é importante garantir que todas as superfícies a serem esterilizadas estejam cobertas com um, mesmo que fino, filtro de água condensada. O artigo não estará estéril em qualquer lugar onde a condensação das superfícies a serem esterilizadas for impedida, como por exemplo:

  1. Superfícies seladas usando um material selador elástico.
  2. Lubrificantes ou biofilmes que impedem que a água fique na superfície.
  3. Aberturas estreitas como aquelas encontradas em válvulas que são lubrificadas e previnem a condensação entre as superfícies seladas.
  4. Gases não condensáveis que se acumulam em embalagens de tecido poroso ou em cavidades canuladas, e, portanto, impedem a condensação do vapor.
  5. Materiais selados como selos de borracha para selar garrafas de vidro ou containers de metal.

Já se sabe que a inativação microbiana é uma função do carreador sobre o qual, ou dentro do qual, os micro-organismos são encontrados. Por exemplo, aditivos na água fornecidas aos geradores de vapor afetam o valor do pH da água, assim como os aditivos em fluidos usados para as soluções de infusão. Comparando água destilada com um pH de 7, com por exemplo, água com 1% de salinidade, o tempo de esterilização necessário deve aumentar em 30% para matar o mesmo número de microrganismos sob condições similares.

A porosidade e o material das superfícies também exercem uma forte influência na inativação microbiana. Em nossos laboratórios, temos demostrado que conectores de borracha contaminados com B. Stearothermophilus, a uma temperatura constante, irão precisar de um tempo de esterilização aproximadamente 50% mais longo do que quando se mata o mesmo micro-organismo com condições de vapor saturado em água ou em papel filtro.

É, portanto, primordial que produtos de saúde possam ser misturados com água ou conter água. Não deve ser permitido que eles impeçam a condensação da água nas superfícies que serão esterilizadas.

 

Dr. Ulrich Kaiser – Engenheiro Químico e membro ativo dos grupos de estudo nacionais e internacionais para monitoração de esterilização e limpeza das Normas DIN, CEN e ISO

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